“Através de muitas dores, Cristo nasce em muitos corações”, escreveu Richard, a refletir sobre os 14 Natais que passou na prisão.
Era véspera de Natal e Richard Wurmbrand acabara de voltar para a sua cela após 12 horas de trabalho escravo no rigoroso inverno romeno. O seu corpo doía, ele estava a tremer e o seu estômago revirava de fome. Por mais uma hora, o capitão Stan manteve Richard e os seus companheiros de prisão em posição de sentido.
“Eu posso quebrar qualquer um de vocês com um soco. Eu prometo que na ceia de amanhã vocês vão apanhar mais do que nunca. Cristo não nasceu para vocês. Ninguém vos ama. As suas esposas estão agora com outros homens. Os seus filhos agora são comunistas e o vos amaldiçoam. Feliz Natal”, gritou o capitão enquanto mostrava o punho.
Richard e vários companheiros de prisão sabiam do contrário.
Eles sabiam que Jesus os amava e que Ele nasceu para todos os homens naquela prisão, incluindo o Capitão Stan.
Depois que o capitão partiu, um dos companheiros de cela de Richard, o pastor Craciun, deitou o corpo enfraquecido nas poucas pranchas de madeira que serviam de cama e sussurrou para Richard: “Amanhã pode ser desagradável, mas ‘Aquele que guarda Israel não dormita e nem dorme’”(Salmo 121:4). Um momento depois, o pastor estava a dormir pacificamente.
Nos 14 Natais que Richard passou na prisão, ele conheceu alguns homens que não conseguiam dormir tão pacificamente quanto o pastor Craciun.
“Ajude-me! Eu torturei muitos inocentes”, gritou Sepeanu, um ex-coronel da polícia secreta comunista que estava a morrer na cela de Richard. Os comunistas prenderam não apenas cristãos, judeus e adversários políticos, mas também os seus próprios camaradas. “Eu estou a ir para o inferno,” ele gemeu para outro pastor na cela.
Naquele momento, Richard testemunhou o pastor a dar a única mensagem que traz paz: “Nenhum pecado contra a majestade de Deus passa sem punição, mas Jesus suportou o castigo devido a nós. Por meio do Seu sangue, somos salvos do inferno.” O comunista se converteu…
Jesus nasceu no coração daquele homem.
“Olhando através dos olhos vazios da morte, pode-se ver a mais alta qualidade de vida”, escreveu Richard ao relembrar destas histórias. “No Natal, o Filho de Deus se fez homem para que nos tornássemos filhos de Deus. O seu objetivo foi cumprido. Existem verdadeiros filhos de Deus.”
Em outra véspera de Natal, Richard ficou doente na cama, enquanto um abade chamado Iscu estava deitado em outra cama à sua direita, a espera da morte por causa das torturas que havia sofrido. O abade estava sereno, e sabia que logo estaria com Jesus no céu. Ele falava pouco, mas quando o fazia “respirava uma verdade que só pode ser conhecida na dor profunda”, escreveu Richard.
À esquerda de Richard estava outro prisioneiro – o homem que torturou Iscu. Os seus camaradas se voltaram contra ele, e ele também foi preso e torturado.
Atormentado pelos seus atos, este homem acordou Richard durante a noite. “Cometi crimes horríveis”, confessou. “Não consigo encontrar descanso. Ajuda-me, ”ele implorou.
Nesse momento, Iscu chamou dois outros prisioneiros para ajudá-lo. Apoiando-se neles, ele caminhou lentamente até o seu ex-torturador e sentou-se ao lado da sua cama. “Tu eras jovem e não sabia o que estavas a fazer”, disse ele, a passar a mão pela cabeça do homem. “Eu te perdoo e te amo, como fazem todos os outros cristãos que tu torturaste. E se nós que somos pecadores e fomos salvos por Jesus podemos te amar assim, muito mais Ele estará pronto para apagar todo o mal que tu fizeste e purificar-te completamente. Apenas arrependa-se.”
Naquela cela comum onde não havia nenhuma privacidade, Richard ouviu o torturador a confessar os seus crimes ao torturado. E ouviu o torturado perdoar o torturador antes de ambos se abraçarem.
Os dois homens morreram naquela noite, na véspera de Natal. Não foi simplesmente uma comemoração do evento em Belém. Foi Jesus a nascer no coração de um criminoso.
“Este é o verdadeiro significado do Natal”, escreveu Richard. “Estes homens amam a cruz e suportam a humilhação. Eles seguem o Homem das Dores no sofrimento que foi escolhido livremente por causa da verdade.
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